Cocari alerta para quebramento de haste, doença que atinge a cultura da soja

O quebramento de haste da soja, juntamente com a podridão de vagens, é uma doença que está presente em todas as regiões sojícolas brasileiras, com notoriedade maior na safra 2019/20 no estado do Mato Grosso, pela alta incidência. No Paraná, até a safra 2022/23, era uma doença que se manifestava de forma pontual, sem prejuízos significativos aos produtores. Na safra 2023/24, vários casos foram identificados, principalmente na região do Vale do Ivaí.

Os fungos causadores estão presentes no sistema produtivo das plantas e foram identificados há mais de 30 anos. Trata-se de algumas espécies de fungos, como os gêneros Colletotrichum, Fusarium, Phomopsis/Diaporthe, Macrophomina e Cercospora, espécies muito similares morfologicamente, o que torna necessária a utilização de métodos moleculares para a correta identificação.

“O quebramento das hastes só é identificado quando a soja já se encontra no seu estádio reprodutivo, devido ao peso de vagens e grãos. Porém, a infecção do fungo ocorreu muito antes. Normalmente, as infecções ocorrem nos estádios vegetativos de V4/V5, principalmente quando a planta passa por algum tipo de estresse associado a altas temperaturas e umidade”, explica o supervisor Técnico do Centro Tecnológico da Cocari (CTC), Cleonei Alieve Batista.

Fundo oportunista

Segundo Cleonei, a podridão de vagens também pode ocorrer no estádio de enchimento de grãos, o que acarreta grãos ardidos, continuando o processo de degradação mesmo no armazém. “O que se sabe até o momento é que os fungos são oportunistas, ou seja, se aproveitam de um momento de debilidade das plantas para infectarem”, aponta

Ele acrescenta que condições climáticas, associadas a épocas de semeadura, ajudam na infecção. “Observou-se a campo que semeaduras de 10/10 até 25/10 apresentam maior quebramento. Isto não significa mudança do calendário de semeadura, porém, cada ano temos uma condição climática distinta”, analisa.

As cultivares apresentam diferentes níveis de tolerância para estes fungos. No Paraná, diferente do Mato Grosso, ainda não há definição quanto ao nível de tolerância das cultivares. “A utilização de fungicidas surte efeito. Porém, um efeito muito menor do que o observado em aplicações para doenças foliares”, esclarece o supervisor do CTC.

Controle da doença

Resultados de órgãos oficiais de pesquisa do Mato Grosso demostraram que a aplicação de fungicidas tem resultados sobre o aparecimento e a evolução dos sintomas de apodrecimento. “A adição de multissítios, bem como o uso de carboxamidas no manejo, rotacionado com triazóis e estrobilurinas tem sido fundamental para a redução dos sintomas de apodrecimento dos grãos”, observa Cleonei.

Para o momento de aplicação, observou-se que aplicações aos 25/30 DAE são relevantes para a redução de incidência do problema, com intervalos de, no máximo, 15 dias.

Cleonei informa que a Cocari, juntamente com seu corpo técnico, tem se pautado em resultados de pesquisa de instituições renomeadas juntamente com diversos pesquisadores, para entender a magnitude do problema e levar o melhor posicionamento para o associado. 

Também estão sendo conduzidos a campo diversos trabalhos com diferentes fungicidas e indutores de resistência para entender a real eficiência de cada um. “A doença é silenciosa. Por isso que o quebramento é tão ameaçador à cultura. Afinal, quando notado em campo, já não há mais tempo de recuperar e evitar as perdas”, conclui.

Redação Cocari

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