O Colégio Estadual de Educação Profissional (CEEP) Manoel Ribas, de Apucarana, no Vale do Ivaí, abre nesta quinta-feira (14) a tradicional Expo Agri, evento que acontece ininterruptamente desde 1983 e que se tornou referência na região para apresentação de projetos de alunos e professores do curso técnico em Agropecuária, realizados em parceria com empresas do setor. São cerca de 60 trabalhos integradores desenvolvidos ao longo do ano letivo. A feira seguirá até domingo (17), das 8h às 18h.
Com objetivo de aproximar o estudante do mercado de trabalho, a exposição conta com a parceria de 25 empresas ligadas aos setores de química, pecuária, agricultura, agroindústria e tecnologia, que abrem suas portas para a realização de atividades práticas e fornecem equipamentos, como maquinários agrícolas e drones.
Além de viabilizar recursos, essas empresas funcionam como porta de entrada para os alunos no mercado, uma vez que oferecem oportunidade de interface direta com representantes das companhias, visita às suas sedes e desenvolvimento de projetos em conjunto com equipes profissionais.
Os trabalhos desenvolvidos para exposição na feira integram a grade curricular e são desenvolvidos ao longo de todo o ano letivo, proporcionando abordagens multidisciplinares que envolvem desde práticas abordadas nas aulas do ensino técnico até conteúdos que fazem parte do Sistema de Avaliação da Educação da Educação Básica (Saeb) como Língua Portuguesa e Matemática, Ciências Humanas e Ciências da Natureza.
“No desenvolvimento das atividades técnicas, os alunos precisam aplicar o que aprendem em sala em situações reais, como fazer cálculos para pesar produtos, definir quantidades ou medir áreas”, explica Rosiney Pimenta Campos, diretora do CEEP.
Com orientação de professores e apoio das empresas participantes, os estudantes têm a oportunidade de visitar instalações como unidades de beneficiamento de grãos, fazendas, estufas agrícolas, centros de manejo de pecuária e armazéns, entre outras. As vivências servem de base para o desenvolvimento dos projetos integradores, cujos resultados representam o ponto alto da Expo Agri.
DESTAQUES – Entre os 60 trabalhos apresentados, com foco no fortalecimento e modernização do setor agropecuário, está o projeto dos alunos Vinicius Colabiank, Dealvaro de Assis, Guilherme de Melo Nicodemo e Maria Eduarda Carletti, todos do 3º ano do curso técnico em Agropecuária. O projeto foi realizado em parceria com a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) e tem foco no combate a zoonoses, com ênfase na gripe aviária.
A iniciativa propõe um modelo de aviário isolado para impedir a entrada de agentes patogênicos, incluindo estruturas de sanitização e barreiras físicas, como arcos de desinfecção para caminhões e funcionários, uso de desinfetantes específicos e pedilúvios para higienização dos calçados.
“A gente aprendeu que a prevenção é a parte mais importante no controle da influenza aviária. Com o modelo de aviário que desenvolvemos, conseguimos mostrar como medidas simples, como isolamento adequado e desinfecção de veículos, podem evitar a entrada de vírus e proteger toda a produção. É gratificante saber que a aplicação prática deste conhecimento no campo pode ajudar os produtores a manter a sanidade das aves”, afirmou Vinicius.
“Para desenvolver o projeto, os estudantes aplicaram conhecimentos de Biologia, Química e Zootecnia, além do que aprenderam no curso técnico sobre manejo de animais e biossegurança. Tudo isso os ajudou a compreender os riscos de zoonoses e como prevenir doenças na prática”, disse a diretora Rosiney Pimenta Campos.
INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM TEMPO FIXO – Desenvolvido por Luana Santos, 18 anos, e Maria Eduarda Domingues, 17 anos, ambas do 3º ano do curso técnico em Agropecuária, o projeto aborda a biotecnologia da reprodução aplicada à pecuária. A iniciativa demonstra o uso de protocolos hormonais para sincronizar o cio do rebanho, permitindo que a inseminação seja realizada em dias e horários programados, ao contrário da inseminação convencional, que exige visitas diárias e maior esforço de mão de obra.
O trabalho, concebido há dois anos e iniciado na prática em abril, contou com o apoio das empresas Zoetis e Araucária Genética Bovina, e envolveu a aplicação direta dos protocolos nas vacas do próprio colégio. Além de mostrar a aplicação prática da tecnologia, o projeto permite aos alunos compreenderem o impacto da biotecnologia na eficiência reprodutiva e na gestão do rebanho.
“Aprendemos como a biotecnologia pode facilitar a reprodução do rebanho, permitindo programar o momento certo da inseminação e até a data de nascimento dos bezerros. É um processo complexo, mas muito gratificante, porque conseguimos ver na prática como a tecnologia ajuda os produtores a economizar tempo e melhorar a eficiência”, disse Luana.
OPERAÇÃO DE MAQUINÁRIO AGRÍCOLA – Com o objetivo de demonstrar os conhecimentos técnicos e a aplicação prática dos conteúdos aprendidos no desenvolvimento do projeto, os alunos Victor dos Santos Couto, Antônio Pablo Brust de Souza, Ynara Borges Lima, Vitor Gabriel de Paula, Anthony Felipe de Godoi da Silva, Thiago Brandolim Pinheiro, Sara Caroline Pozo dos Santos e Pedro Henrique Oliveira Muniz levam à exposição maquinário de última geração, disponibilizado pela multinacional John Deere.
O trabalho teve como destaque a Colheitadeira AS7, que chegou ao Brasil neste ano e é utilizada para a colheita de grãos, equipada com tecnologias avançadas como a conexão via satélite Starlink.
“Aprender a operar esse tipo de maquinário é essencial porque ele representa o que há de mais moderno no campo, e dominar essas tecnologias nos prepara para trabalhar com eficiência e competitividade no mercado agrícola”, afirmou Thiago Brandolin Pinheiro.
A apresentação também inclui tratores, pulverizadores e as funções de cada equipamento, ressaltando o desafio de operar recursos tecnológicos de ponta e a preparação dos alunos para atender às demandas do mercado, inclusive o externo.
“Em mais um ano, nossos alunos brilham na Expo Agri. Ficamos muito orgulhosos em acompanhar a evolução dos estudantes e em sabermos que a escola tem impulsionado a aproximação deles ao mercado de trabalho. É esse preparo que faz a diferença na vida profissional e no desenvolvimento do Paraná”, diz o secretário estadual da Educação, Roni Miranda.
