A Polícia Federal (PF) prendeu neste sábado (14) Walter Souza Braga Netto, ex-vice na chapa de Jair Bolsonaro em 2022 e general da reserva. Ele foi detido em Copacabana, Rio de Janeiro, e ficará sob custódia do Exército no Comando Militar do Leste. A prisão faz parte do inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado no Brasil.
Braga Netto foi indiciado ao lado de Jair Bolsonaro, Mauro Cid e outras figuras do governo Bolsonaro, incluindo ex-ministros, militares da ativa e da reserva, por crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado e organização criminosa.
De acordo com a PF, Braga Netto era o “arquiteto do golpe”, responsável por liderar o planejamento estratégico e dar respaldo entre oficiais e comandantes militares. As investigações apontam que ele financiou ações ilícitas, inclusive com a entrega de dinheiro em sacolas de vinho.
O indiciamento também revela que, em 12 de novembro de 2022, Braga Netto participou de uma reunião em sua casa para planejar ações clandestinas visando impedir a posse do presidente eleito e limitar o Poder Judiciário. Após a aprovação desse plano, as ações operacionais teriam começado, incluindo o recrutamento de militares especializados.
Braga Netto e o general Augusto Heleno também são apontados pela PF como integrantes de um “gabinete golpista”, sendo Braga Netto o coordenador geral. A PF concluiu que o grupo ligado a Braga Netto tentou obter acesso irregular à delação premiada de Mauro Cid, que forneceu informações cruciais para as prisões.
A prisão de Braga Netto gerou apreensão no núcleo de Bolsonaro, que tem adotado a estratégia de argumentar que os militares, e não o ex-presidente, seriam os beneficiados em caso de golpe. Investigadores acreditam que novos militares possam aderir a delações, o que pode complicar ainda mais a situação de Bolsonaro no inquérito.
A PF evitou realizar a prisão em datas simbólicas, como 13 de dezembro (aniversário do AI-5), para não provocar os militares. A decisão foi tomada após a PF entender que havia provas suficientes para a detenção, fortalecidas pelas informações da delação de Mauro Cid.