Manejo do milho tiguera para reduzir danos da cigarrinha-do-milho

A sobrevivência de insetos pode ser comprometida na ausência de suas plantas hospedeiras preferenciais, levando-os a utilizar outras para obter água e abrigo. Essa população remanescente permite infestar novos cultivos com maior ou menor intensidade, dependendo de múltiplos fatores.

O problema se agrava quando o inseto é uma praga severa, capaz de causar danos, mesmo em baixa densidade populacional, como ocorre com vetores de doenças, caso da cigarrinha-do-milho. Mas como o manejo de plantas voluntárias de milho pode ser um aliado do agricultor?

João Gabriel Batallini, engenheiro agrônomo, consultor do Centro Tecnológico da Cocari (CTC), orienta que “após a colheita do milho, é crucial tomar cuidado com o milho tiguera ou involuntário, pois ele pode estar contaminado com molicutes, que são transmitidos pela cigarrinha, aumentando a pressão de infecção para a próxima safra de milho”.

Segundo ele, o controle pode ser realizado com graminicidas (inibidores de ACCase), caso o milho seja RR (Roundup Ready). “Se o milho não for RR, o glifosato pode ser uma ferramenta. Para obter controle eficaz, é recomendável aplicar o herbicida quando o milho tiguera estiver com até três folhas, quanto maior o milho menor vai ser a eficiência dos herbicidas”, alerta.

Perda na colheita mecanizada

Conforme explicam os entomologistas da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Genaina Cristofoli e Gilberto Santos Andrade, antigamente, a dessecação da área com glifosato, antes do plantio da próxima cultura, era suficiente para controlar plantas daninhas. Contudo, com o maior uso de híbridos resistentes ao herbicida e com as perdas que ocorrem na colheita mecanizada, muitas plantas de milho guaxo ou tiguera têm emergido nas culturas sucessoras, assumindo o papel de daninhas e dificultando o manejo de pragas. Esse milho voluntário permite a sobrevivência e reprodução da Dalbulus maidis, além de ser reservatório de molicutes e do vírus da risca para a próxima safra, causadores de doenças do complexo de enfezamento.

A perda tolerável na colheita mecanizada de milho é de 1,5 saca por hectare, mas mesmo que originem poucas plantas voluntárias, elas germinam várias vezes ao longo do ano. Isso gera aumento da população de cigarrinha no início da safra e da safrinha de milho, com alta probabilidade de este grupo já estar infectivo, ou seja, capaz de transmitir doenças para as plantas novas, ocasionando perdas de produção.

Métodos de controle

A presença de milho voluntário no campo aumenta a sobrevivência, reprodução e transmissão de doenças pela cigarrinha. Uma das formas de manejo é eliminar essas plantas, utilizando métodos químicos, mecânicos, físicos e biológicos, e realizar o monitoramento regular para detectar novos fluxos de emergência. Como o manejo após a planta estar presente na área é mais difícil, é preciso atuar de forma preventiva. Além de observar condição ideal de clima e de ponto de colheita, outros fatores são fundamentais, como o ajuste das colhedoras para minimizar a quebra de grãos e espigas; manutenção regular das máquinas para evitar falhas mecânicas durante a colheita; treinamento adequado dos operadores de colhedoras e demais trabalhadores envolvidos na colheita e; verificar se a faixa de velocidade de trabalho está de acordo com a recomendação técnica.

Uma das preocupações é o agricultor fazer o manejo e o seu vizinho, não. De fato, esse trabalho deve ser realizado por todos, como um compromisso em minimizar o problema. Para esse alinhamento, no Paraná, a Portaria 133/2023 da Adapar estabelece medidas para minimizar as perdas causadas pela cigarrinha, principalmente a eliminação obrigatória do milho voluntário, processo fiscalizado pelo órgão de defesa durante a entressafra.

A ação coordenada dos agricultores e outros profissionais em campo é fundamental para minimizar as perdas causadas pela cigarrinha-do-milho e doenças transmitidas por ela.

Procure o Detec da Cocari

O consultor do Centro Tecnológico da Cocari orienta que os produtores procurem a unidade mais próxima da Cocari e consulte um profissional do Departamento Técnico da cooperativa para solicitar análise e esclarecimentos sobre o melhor manejo para a cigarrinha-do-milho.

Redação Cocari, com informações do Sistema FAEP

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