Há 70 anos, a morte trágica de Getúlio Vargas parava o Brasil

Matéria da Rádio Senado – Em 24 de agosto de 1954, o Brasil foi sacudido por uma tragédia que reverberaria por décadas. Naquela madrugada, o presidente Getúlio Vargas, cercado por uma crise política insustentável e pressões insuportáveis, tirou a própria vida no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, então sede da Presidência da República. Seu suicídio foi o ato final de uma trajetória que transformou profundamente o Brasil e que ainda hoje suscita debates acalorados sobre seu legado e o destino da nação. Ao longo dos anos de seu governo, Vargas transformou o Brasil, iniciando um processo de industrialização que mudaria para sempre a estrutura econômica e social do país. Em 1955, um ano após sua morte, a produção industrial já representava 30% do PIB, um salto significativo em relação aos 10% de 1930. Ele também consolidou direitos trabalhistas que se tornariam pilares da legislação brasileira. A Consolidação das Leis do Trabalho, sancionada em 1943, foi um marco na proteção dos direitos dos trabalhadores. No entanto, a trajetória de Vargas não foi isenta de controvérsias. Entre 1937 e 1945, ele governou o Brasil sob uma ditadura conhecida como Estado Novo, período marcado por forte repressão aos movimentos comunistas e pela centralização do poder. O professor Matheus Gamba, do Departamento de História da Universidade de Brasília, falou do início do percurso político do gaúcho de São Borja:

(prof. Matheus Gamba – UnB) “O Getúlio Vargas era um político da República Velha. Era um político tradicional da República Velha, do Rio Grande do Sul, que estava fazendo sua carreira, foi ministro, inclusive, do Washington Luís, e ele acaba não sendo escolhido pelo Washington Luís para ser o sucessor. E isso vai fazer com que ele se coloque na oposição, tente ganhar uma eleição, e ele acaba fazendo um movimento, esse movimento de 30, dando um golpe de Estado.”

Durante o Estado Novo, Vargas usa a máquina da propaganda e da censura – recursos muito utilizados a partir da década de trinta por regimes totalitários de todas os espectros da política, dos nazifascistas aos comunistas – para se tornar um político popular, particularmente, entre os trabalhadores. O professor Gamba dá mais detalhes:

(prof. Matheus Gamba – UnB) “Então, quando ele assume o poder, ele percebe essa força que essas massas de trabalhadores podem ter, caso ele consiga arregimentá-las do seu lado e, assim, ele faz muita propaganda com as leis trabalhistas, com a legislação sindical, trazendo aí o trabalhador para a história política, não no sentido de uma democracia direta, mas colocando como alguém importante para o Estado, para o Estado Novo.”

Ao retornar ao poder, dessa vez eleito pelo povo, em 1951, Vargas se viu cercado por uma oposição feroz, especialmente por parte das elites econômicas e políticas que viam suas políticas nacionalistas e sociais como ameaças. O episódio do atentado da Rua Tonelero, em 5 de agosto de 1954, onde um major da Força Aérea Brasileira foi morto e o jornalista Carlos Lacerda, contrário ao governo, intensificou a crise. As suspeitas de envolvimento do governo no crime deram munição aos seus opositores, que pressionaram Vargas a renunciar. Incapaz de encontrar uma saída política, Vargas optou pelo suicídio, o que teria adiado o golpe militar – que só seria seria posto em prática dez anos depois, em 1964:

(prof. Matheus Gamba – UnB) “A retórica do golpe era muito parecida, quase a mesma. Era um herdeiro político do Vargas, o João Goulart, a UDN pressionando por golpe de Estado, abertamente, intervenção militar, golpe de Estado, abertamente, só que, dessa vez, eles são bem sucedidos.”

Para marcar os 70 anos da morte de Vargas, o Museu da República, localizado no Catete, no Rio de Janeio, organizou a exposição “O quarto que entrou para a História”. Na mostra, peças emblemáticas, como o famoso pijama com as iniciais “GV” bordadas, a arma utilizada pelo presidente, e a máscara mortuária de Vargas. Da Rádio Senado, Pedro Pincer.

Fonte: Rádio Senado

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