Em um achado que lança luz sobre um período desafiador da história japonesa, foram descobertas 500 mil moedas de cerâmica produzidas durante a Segunda Guerra Mundial em um armazém da Shofu, uma tradicional empresa de cerâmica em Kyoto, no Japão. As moedas, conhecidas como “maboroshi” (ou “fantasmas”), foram fabricadas devido à escassez de metais necessários para a produção de armamentos, o que levou o governo japonês a utilizar materiais alternativos para manter o sistema monetário em funcionamento.
Durante o conflito, a demanda intensa por metais para fabricar armas e munições impôs severas restrições à moeda metálica. Como solução, foram criadas moedas de 1 sen (equivalente a 1/100 de um iene) em cerâmica. Cerca de 15 milhões dessas moedas foram cunhadas, mas a maioria foi destruída após a rendição do Japão em 1945. Anos mais tarde, em 1953, a unidade sen foi oficialmente retirada de circulação.
As moedas de cerâmica, com 15 milímetros de diâmetro, ostentam representações do Monte Fuji e de flores de cerejeira, dois símbolos marcantes da cultura japonesa. Elas foram produzidas em cidades como Kyoto, Seto e Arita, com o objetivo de assegurar a circulação monetária durante as dificuldades do período.
A redescoberta aconteceu em agosto de 2023, quando 15 caixas contendo as moedas foram transferidas para a Casa da Moeda do Japão, em Osaka. A instituição, em nota oficial, destacou a importância da descoberta, que permite aprofundar os estudos sobre a produção monetária e as condições históricas do Japão no final da Segunda Guerra Mundial. A Casa da Moeda expressou a esperança de que essa coleção seja fundamental para compreender os desafios enfrentados pela indústria cerâmica japonesa durante o período do conflito.