Considerada a principal doença da cultura da soja, a ferrugem asiática traz grande preocupação aos sojicultores brasileiros em todos os estados e municípios produtores da oleaginosa a cada nova safra, diante do alto impacto que pode ocasionar nas lavouras. Causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, a doença foi identificada no Brasil pela primeira vez em 2001, passando a ser monitorada e pesquisada por diversos laboratórios públicos e privados desde então.
A ferrugem asiática causa, inicialmente, pequenas lesões escuras nas folhas da soja. Já na parte interna, surgem as chamadas urédias, onde o fungo produz seus esporos, causando o amarelamento das folhas e posteriormente a diminuição do peso dos grãos de soja. O manejo envolve a adoção do Vazio Sanitário da Soja, visando a ausência da semeadura e a eliminação de plantas voluntárias durante o período de entressafra para a redução do inóculo do fungo; a utilização de cultivares de ciclo precoce e semeaduras no início da época recomendada como estratégia de escape da doença; e a utilização de fungicidas.
De acordo com o Consórcio Antiferrugem, a doença pode causar perdas de até 90% de produtividade caso não seja controlada. Segundo levantamento do consórcio, na safra 2022/23, até o final de janeiro, havia 119 relatos da doença, número bem maior quando comparado a igual período do ciclo anterior, que marcava 59 relatos, mas as condições climáticas eram diferentes, com menor quantidade de chuvas nos estados da região Sul, Mato Grosso do Sul e também no Paraguai. Até 18 de março, os registros somavam 270 ocorrências da doença.
Controle
Rodrigo Rombaldi, supervisor técnico da Cocari para a região do chamado Paraná Baixo, explica que estão sendo estimados de 15 a 20% de perda nas lavouras mais atrasadas até o momento. “Muito do plantio de setembro e outubro escapou pelo estádio da lavoura e não houve perdas, com as áreas resultando em excelente produção”, diz.
Na região da Cocari no Cerrado, o relato da maioria dos consultores é de que teve pouca ou nenhuma incidência de ferrugem asiática, conforme salienta a engenheira agrônoma da unidade de Silvânia (GO), Estefânia de Lima. “Devido à importância degenerativa na produtividade das cultivares, os agricultores, de maneira quase que absoluta, tendem a realizar de forma preventiva as ações necessárias no controle fitossanitário com utilização de defensivos modernos, aplicações iniciadas durante a fase vegetativa e realização de misturas com fungicidas de ação multissítios”, comenta.
Segundo ela, o plantio de cultivares com arquitetura moderna, marcando bem a entrelinha, tem facilitado para que as gotas da pulverização possam atingir o terço médio e o baixeiro. “Esses manejos vêm auxiliando bastante no controle dessa tão temida doença”, afirma. “Na região da Estrada de Ferro tivemos pouca ou quase nenhuma ocorrência da doença, sendo possível visualizar algumas pústulas controladas e de forma bem contida, no fechamento do ciclo da cultura”, complementa.
Redação Cocari, com informações da Embrapa