Considerando que o Brasil desembarcou na Europa com desconfiança e três derrotas seguidas, a performance abaixo do esperado contra a Espanha é secundária. O conjunto da obra, que inclui uma vitória expressiva em Wembley e uma partida com resiliência no Santiago Bernabéu, foi o suficiente para trazer confiança e serenidade ao início do trabalho de Dorival.
Os pênaltis, no mínimo, questionáveis serão secundários nesta avaliação do desempenho do Brasil em Madrid. Como o próprio Dorival Júnior destacou após o 1 a 0 sobre a Inglaterra, mais do que o resultado, o que conta é a performance. E a performance da Seleção não foi satisfatória contra os espanhóis. A repetição da escalação de Londres para continuar o trabalho contra uma equipe de características diferentes reduziu a energia de um Brasil que se mostrou muito passivo na primeira metade. A Espanha chegou a quase 70% de posse de bola em um primeiro tempo em que finalizou nove vezes e produziu o suficiente para ir para o intervalo com uma vantagem maior do que o 2 a 1.
A Seleção não conseguia pressionar e dava muitos espaços para Rodri liderar a equipe movendo a bola de um lado para o outro, acionando Nico Willians e Lamine Yamal. O jovem de 16 anos do Barcelona, aliás, não deu trégua ao lado esquerdo da defesa brasileira com Wendell, Beraldo e foi quem sofreu um pênalti mal assinalado de João Gomes.
A vantagem já era justa aos 12 minutos, e os espanhóis continuaram com maior volume de jogo contra um Brasil que praticamente não ultrapassava a linha do meio de campo. A conexão entre Rodrygo e Vini pela esquerda com o auxílio de Wendell foi responsável pelos raros avanços de uma equipe que ganhou de presente de Unai Simon um gol para chegar vivo ao segundo tempo – a esta altura Dani Olmo já tinha marcado um belo gol em jogada também pela esquerda e drible desconcertante em Beraldo.
Dorival Júnior aproveitou o intervalo para fazer alterações, dar energia e organizar a equipe. Yan Coutto substituiu Danilo, Endrick entrou no lugar de Raphinha, e André e Andreas Pereira deram maior dinâmica ao meio de campo com Paquetá recuado para segundo homem. O volante do Fluminense descia para auxiliar na saída de bola, e os outros dois faziam o jogo fluir com ações verticais.
O Brasil em quatro minutos já tinha criado mais do que nos 45 iniciais, e a estrela de Endrick brilhou mais uma vez com um belo gol ao finalizar de primeira uma sobra de escanteio. Foram 15 minutos em que a Seleção impôs dificuldades até a Espanha entender as mudanças e retomar o controle da partida. Bento entrou em ação com defesas seguras em chutes que na maioria das vezes vinham da entrada da área – em fragilidade que já tinha sido demonstrada na vitória sobre a Inglaterra.
Por mais que a Espanha tivesse maior presença no campo de ataque, a partida ficou equilibrada e os 10 x 10 em finalizações indicam isso. A disposição ofensiva deixou o jogo aberto na reta final, e mais um pênalti polêmico deixou a Espanha em vantagem.
O Bernabéu entrou em festa, a vitória parecia próxima, mas o Brasil demonstrou calma e capacidade de reação para buscar um empate que não foi por acaso. Douglas Luiz deixou Paquetá em condição de marcar já nos acréscimos, mas foi Galeno quem sofreu pênalti após jogada de Andreas com Yan Coutto pela direita. Paquetá cobrou, empatou e comemorou.
O Brasil que venceu a Inglaterra com autoridade soube encontrar alternativas e soluções mesmo com dificuldade para controlar a Espanha. O 3 a 3 apresenta características distintas para uma equipe que chegou à Europa sob desconfiança e volta para casa com o astral elevado.
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Com informações do GE