Devet da Cocari aborda detalhes sobre formação de pastagem e dá dicas para pecuaristas

Quando se fala em formação de pastagem, é preciso considerar fatores como: o objetivo do sistema de produção, quanto o produtor poderá investir, de que forma será utilizada a forrageira, se é para pastejo convencional, silagem, fenação ou uma vedação escalonada, e ainda, que categoria animal (gado de corte ou de leite) utilizará o alimento.

O médico veterinário e consultor técnico do Departamento Veterinário da Cocari (Devet), Eduardo Henrique Berns, esclarece alguns detalhes. A começar pelas possibilidades de espécies que, geralmente, são duas: brachiaria e panicum.

“As brachiarias (marandu brizantha, piata, ruziziensis) são as forrageiras mais utilizadas na pecuária brasileira, e elas têm grande capacidade de adaptação em vários tipos de solo, possibilitando amplo uso em diferentes sistemas de produção. Grosso modo, são materiais menos exigentes em relação às forrageiras do gênero panicum, como Mombaça, Zuri, Tamani, Massai, que são procuradas por sua alta produtividade e são forrageiras mais utilizadas em sistemas intensivos. São mais exigentes em questão de fertilidade de solo e em manejo, quando comparadas às brachiarias. Por outro lado, elas têm maior produtividade se tratando de matéria verde e proteína”, compara.

Escolha do capim

A formação da pastagem envolve também a escolha da variedade do capim. “Cada variedade possui uma recomendação específica para o seu plantio, e precisamos saber se ela se adapta ao clima e ao tipo de solo da região. Pois temos regiões mais quentes, mais frias, com solos mais arenosos ou mais argilosos, se é um solo mais encharcado ou mais seco”, orienta o consultor técnico. 

As variedades devem ser adquiridas de empresas idôneas. As sementes devem possuir certificação de qualidade, que atendam à necessidade do sistema de produção. Outro ponto é saber qual o Valor Cultural (VC) da semente, que deve estar descrito na sacaria, que significa a porcentagem de germinação e pureza daquela semente, ou seja, quanto maior o VC, maior e melhor é qualidade desse material.

Profundidade do plantio

Na fase de plantio, a quantidade de semente jogada por hectare varia de acordo com o tipo do capim (lanço ou convencional). “Cada material possui uma profundidade correta de plantio, pois se a semente for enterrada muito profunda, ela pode até germinar, porém não terá força suficiente para emergir do solo. As sementes que foram jogadas a lanço, ficando expostas na superfície do solo, podem ser carregadas por pássaros e insetos, além disso elas têm mais dificuldade para absorver água, que é fundamental para a germinação, e mesmo que consigam germinar, podem ressecar e morrer. Então, a recomendação é de que, se for jogar sementes a lanço, é necessário que passe a grade ou algum tipo de rolo compactador, com o objetivo de enterrar levemente a semente no solo”, explica Berns.

Para que a semente consiga germinar, o solo precisa estar em uma temperatura acima de 18 graus. “Precisamos estar atentos à janela de plantio, que aqui na nossa região se dá por volta do final do mês de setembro, até meados do mês de março, lembrando que a época de plantio vai depender muito do clima e da região”, pondera.

O consultor técnico orienta ainda para a necessidade de preparação do solo, com análises bioquímicas e nutricionais, correções necessárias, com uso de calcário, gesso ou alguma adubação fosfatada, já que o capim, no início de seu desenvolvimento, possui grande necessidade de fósforo.

Quando entrar com os animais?

No momento de oferecer o alimento aos animais, o consultor técnico da Cocari, pede atenção às plantas que estão passando da altura, se tornando muito fibrosas, duras. “Os bovinos são animais muito seletivos, escolhem o alimento, então quanto mais velha a planta, mais fibrosa. Então, os animais terão dificuldade em arrancar e mastigar e, consequentemente, acabarão rejeitando a alimento”, alerta.

Ele explica que, atualmente, não é mais necessário esperar o capim sementear para poder entrar com os animais, diferente do que que ocorria no passado, quando as sementes não tinham boa qualidade e valor acessível. A orientação ao produtor é procurar entrar com animais mais jovens, mais leves, para que não arranquem as plantas e nem compactem o solo. “A importância desse manejo se dá pelo fato de ajudar a formação da pastagem, estimulando o perfilhamento basal do capim, fazendo com que aumente o diâmetro das touceiras”, acrescenta.

Eduardo Henrique Berns finaliza com uma importante orientação aos produtores. “Sempre procurem um profissional capacitado para orientá-los durante todo o processo de implementação de uma área pastagem, sendo que o manejo e estruturação adequados irão garantir longevidade dessa pastagem, e assegurar ao produtor um ótimo retorno econômico, pois ela é a fonte de alimento mais barata que se possa ter dentro de uma propriedade”, conclui.

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