Um novo modelo de produção, focado em pastagens de alta performance, vem sendo desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Utilizando tecnologias de baixo impacto, o novo método tem obtido resultados positivos em testes iniciais, animando os produtores. De acordo com o Departamento Veterinário da Cocari (DEVET), a novidade é promissora e pode representar importantes ganhos para os criadores no futuro.
O chamado Sistema Guaxupé permite intensificar a atividade pecuária aliada a um investimento econômico menor, gerando benefícios para o meio ambiente. O modelo consiste em aplicar estratégias para a obtenção de pastagens com alta produtividade de forragem de qualidade e de longa duração, que elevam a rentabilidade de sistemas pecuários a pasto.
De acordo com a Embrapa, pesquisas confirmaram aumento de 30% por hectare na produtividade de carne e de bezerros, e redução nas emissões de gases de efeito estufa na atividade. O Sistema Guaxupé é resultado de 25 anos de pesquisa, sendo recomendado para condições ambientais específicas, com solos sem aptidão para a agricultura devido à baixa capacidade de drenagem.
O método se baseia na utilização de diferentes forrageiras para diversificar e manter as pastagens produtivas; no consórcio de forrageiras com leguminosas capazes de fornecer nitrogênio para o solo; no controle preventivo de plantas daninhas para reduzir gastos com reforma; e no manejo adequado do pasto para garantir a oferta contínua de forragem para o rebanho.
Otimização da pecuária
Pedro Lucas Rodrigues Barbosa Rosa, supervisor do Departamento Veterinário da Cocari (Devet) no Cerrado, salienta os benefícios que o programa gera. “O pasto sempre foi e sempre será o sistema de produção mais barato que existe. Projetos como este mostram a viabilidade de uma pastagem bem manejada. Quando se consorcia uma gramínea a uma leguminosa, há um sinergismo muito grande. O resultado desta associação é uma pastagem com boa produção de massa e com elevados níveis de proteína, o que corrobora para se obter maior produtividade em termos de animais por hectare. Além disso, as leguminosas contribuem para a melhoria de fertilidade do solo, o que diminui o uso de adubações nitrogenadas e, consequentemente, os custos de produção”, relatou.
Segundo reforça o supervisor do Devet, a iniciativa contribui para intensificar a produção, minimizando custos e favorecendo o meio ambiente. “O termo ‘sustentabilidade’ tem se tornado cada vez mais comentado e o Sistema Guaxupé vem mostrar com clareza sua colaboração neste cenário, exemplificando que é possível intensificar a produção, diminuindo custos e contribuindo com questões climáticas”.
“Experimentos como este são muito importantes em nosso cenário atual, pois retratam que é possível otimizarmos nosso sistema de produção a pasto em quaisquer condições climáticas, bastando realizar o manejo correto. Produzir mais, diminuir despesas e contribuir com o meio ambiente: esta é nossa missão e é isto que estamos mostrando para todo o cenário da pecuária mundial”, completou.
Formação de pastagens de alta performance
O pesquisador Carlos Mauricio de Andrade, coordenador dos estudos, destaca que os conceitos do modelo orientam a formação de pastagens permanentes de alta performance, que resultam em maior ganho de peso dos animais aliado ao baixo investimento em insumos, como adubos e rações. “Esse sistema de intensificação propõe uma nova forma de combinar alternativas tecnológicas já disponibilizadas pela pesquisa para obter um modelo de produção rentável, que se mantenha produtivo por muitos anos, com viabilidade econômica e impacto ambiental reduzido”, salienta.
Pesquisas demonstram que pastagens cultivadas podem se manter produtivas por décadas, desde que haja investimento na diversificação de forrageiras. Dessa forma, a escolha das cultivares deve priorizar espécies adaptadas às condições do solo e do clima da propriedade, levando em consideração fatores como pragas e doenças existentes na região e características do rebanho.
Ação sustentável
Por enquanto, o Sistema Guaxupé tem sido empregado em propriedades do Acre, Estado com cerca de 23 mil estabelecimentos rurais voltados à produção na pecuária de corte (cria, recria e engorda) e que possui demanda crescente por tecnologias sustentáveis para melhoria da eficiência, fatores que reforçam o potencial de uso do sistema. As pesquisas contam com fazendas parceiras para o seu desenvolvimento, que funcionam como vitrines para demonstrações das práticas e tecnologias desse modelo de produção.
Como uma importante ação que recomenda práticas que permitem aumentar a produtividade e a sustentabilidade na pecuária de corte em áreas de pequeno, médio e grande portes, o Sistema Guaxupé atende alguns Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) definidos pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Redação Cocari, com informações da Embrapa