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Novembro é marcado por três tornados e chuva acima da média no Paraná

O balanço dos dados consolidados das estações meteorológicas do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar) em novembro de 2025 aponta que, na maior parte do Estado, as temperaturas ficaram dentro ou abaixo da média histórica para o período. Já o volume acumulado de chuvas ficou dentro ou acima da média para o mês em quase todo o Paraná. O mês foi marcado pela passagem de três tornados e por tempestades típicas de primavera, com muita ocorrência de granizo.

A temperatura média no mês passado ficou dentro a ligeiramente abaixo da média, com destaque para arredores de Antonina, Foz do Iguaçu, Cascavel e Toledo, que tiveram a temperatura média em novembro entre 1,1°C e 1,2°C abaixo da média. Em Joaquim Távora, Ibaiti e Telêmaco Borba, e também na região ao redor de Guaíra, Assis Chateaubriand, Cascavel e Foz do Iguaçu, as mínimas ficaram entre 1°C e 1,5°C abaixo da média histórica para o mês. No resto do Estado, ficaram dentro da média.

Já as temperaturas máximas ficaram abaixo da média em 1°C a 2°C no Litoral e em praticamente todo o Oeste e Noroeste, com exceção de Guaíra, Altônia e Foz do Iguaçu, que tiveram as máximas dentro da média histórica para o mês de novembro. Cândido de Abreu teve a média das temperaturas máximas de 30,8°C em novembro, acima da média histórica para o mês, que é de 29,5°C. No restante do Estado, as máximas se mantiveram dentro da média. 

A última semana do mês teve temperaturas acima dos 35°C em várias cidades por, pelo menos, quatro dias seguidos, o que elevou o resultado final da média de temperaturas máximas em novembro de 2025. 

CHUVA – Apenas nove das 41 estações meteorológicas do Simepar com mais de seis anos de operação tiveram volume de chuvas abaixo da média histórica para novembro: são as duas estações de Antonina, a de Fazenda Rio Grande, de Francisco Beltrão, Palmas, Paranaguá, Guaraqueçaba e União da Vitória.

O volume de chuvas em novembro de 2025 foi acima da média histórica para o mês no restante do Estado, com destaque para Apucarana, Campo Mourão, Cândido de Abreu, Cianorte, Cornélio Procópio, Guaratuba, Londrina, Santa Helena e Ubiratã, onde o volume ultrapassou a média em mais de 100 mm. Em Cianorte, Santa Helena e Campo Mourão, a média de chuvas de todo o mês já foi superada nos dois primeiros dias. 

Foram muitas as tempestades ao longo do mês acompanhadas de raios, rajadas de vento acima de 50 km/h e precipitação de granizo em várias cidades. “A primavera é uma estação característica de tempestades, mas a Oscilação Antártica na sua fase negativa também favoreceu para que os sistemas frontais fossem mais frequentes sobre o Sul do país em novembro”, explica Reinaldo Kneib, meteorologista do Simepar.

Em Guaratuba, 108,8 mm de chuva foram registrados em apenas um dia, no domingo, 21 de novembro. Cornélio Procópio contabilizou o volume de chuvas mais alto da série histórica, ou seja, desde a instalação da estação meteorológica no município, em 2018. Em Apucarana, Cândido de Abreu, Campo Mourão, Cianorte, Guaratuba, Lapa, Londrina e Santa Helena, foi o novembro com maior acumulado de chuva desde 2015. No caso de Campo Mourão e Cianorte, que tiveram novas estações meteorológicas instaladas em 2017 e 2016, respectivamente, é o volume mais alto da série histórica. 

Em Cerro Azul, foi o novembro com maior acumulado de chuva desde 2020 e em Palotina, o maior acumulado desde 2017. Em Pinhão e em Telêmaco Borba foi o maior acumulado desde 2019.

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Foto: Simepar


TORNADOS – A ocorrência mais grave do mês foi no dia 7. O ramo frio de um ciclone extratropical formado sobre o Sul do Brasil favoreceu o desenvolvimento de nuvens de tempestade de forte intensidade sobre o Paraná. Algumas dessas nuvens, imersas em um ambiente de elevada instabilidade termodinâmica, intensificaram-se ainda mais, evoluindo para a categoria de supercélulas, com características de rotação em torno de seu eixo vertical. O cisalhamento vertical intenso do vento e o transporte de ar quente e úmido foram cruciais para a evolução das tempestades.

Duas dessas supercélulas foram responsáveis pela ocorrência de três tornados em municípios das regiões Sudoeste e Centro-Sul do Paraná. A primeira supercélula gerou o Tornado 1, que passou por Quedas do Iguaçu em categoria F1, por Espigão Alto do Iguaçu (F1), Nova Laranjeiras (F1), Rio Bonito do Iguaçu em categoria F4, Porto Barreiro (F3), Laranjeiras do Sul (F3), por Virmond (F2), e por Cantagalo em categoria F1.

O Tornado 1 percorreu aproximadamente 75 km, com uma área de impacto estimada em 12.426 hectares. Sua largura variou de 750 metros em Quedas do Iguaçu para 3.250 metros na região de maior intensidade, em Rio Bonito do Iguaçu, que foi arrasada pelo fenômeno, com 90% das edificações afetadas, muitas completamente destruídas. 

Esta mesma supercélula também gerou o Tornado 2, que passou por Candói em categoria F2 e pelo Distrito de Entre Rios, em Guarapuava, em categoria F4. A supercélula percorreu aproximadamente 270 km de distância, com velocidade média de deslocamento de cerca de 80 km/h. O Tornado 2 percorreu cerca de 44 km, com uma área de impacto estimada em 2.301 hectares. Apresentou larguras mais homogêneas, variando entre 500 metros e 1.160 metros.

Uma segunda supercélula percorreu aproximadamente 230 km de distância, com velocidade média de deslocamento de cerca de 85 km/h, e gerou o Tornado 3, que passou sobre Turvo em categoria F2. Ele teve o percurso mais curto, com 12 km de extensão e uma área de impacto de 570 hectares. Sua largura variou entre 400 metros e 675 metros, com uma média estimada de 525 metros.

laudo técnico emitido pela equipe de meteorologia e de geointeligência do Simepar, após duas semanas de trabalho ininterrupto, incluindo entrevistas nos municípios, sobrevoos nas áreas atingidas e análise de imagens e dados de satélite e radares, traz a conclusão que este evento pode ser considerado um dos maiores desta categoria no Paraná nos últimos 30 anos, levando em conta os aspectos relacionados à quantidade de tornados no mesmo evento, pessoas atingidas e destruição em diversos níveis observada nas suas trajetórias.

Confira estações meteorológicas com mais de seis anos de operação que ultrapassaram a média de chuvas para novembro:

Estação / média histórica para novembro / quanto choveu em novembro de 2025

Altônia: 139,6 mm / 209,6 mm

Apucarana: 161,2 mm / 275,8 mm

Capanema: 150,1 mm / 212,4 mm

Campo Mourão: 146 mm / 302 mm

Cândido de Abreu: 130,1 mm / 303,8 mm

Cascavel: 176,6 mm / 184,2 mm

Cerro Azul: 106,8 mm / 154,2 mm

Cianorte: 114,9 mm / 275,8 mm

Cornélio Procópio: 139,3 mm / 282,8 mm

Curitiba: 122,4 mm / 164,2 mm

Distrito de Entre Rios, em Guarapuava: 142,6 mm / 142,4 mm (considerado dentro da média)

Irati: 102,4 mm / 113,2 mm

Foz do Iguaçu: 150,2 mm / 172,4 mm

Guaíra: 153,1 mm / 229,8 mm

Guarapuava: 134,1 mm / 179,4 mm

Guaratuba: 218,8 mm / 334,4 mm

Jaguariaiva: 157,7 mm / 212,2 mm

Lapa: 110,1 mm / 177,8 mm

Laranjeiras do Sul: 140,3 mm / 145,6 mm

Loanda: 77,5 mm / 92,2 mm

Londrina: 154,6 mm / 271,22 mm

Maringá: 126 mm / 181,6 mm

Distrito de Horizonte, em Palmas: 103,7 mm / 123,2 mm

Palotina: 142,2 mm / 187,6 mm

Paranavaí: 136,2 mm / 145,2 mm

Pinhão: 149,7 mm / 180,4 mm

Santa Helena: 156 mm / 311,8 mm

Santo Antônio da Platina: 132,8 mm / 203 mm

São Miguel do Iguaçu: 170,4 mm / 204,4 mm

Telêmaco Borba: 136,2 mm / 149 mm

Toledo: 168,4 mm / 194 mm

Ubiratã: 115,4 mm / 204,4 mm

Mais de seis anos de operação que tiveram volume de chuvas abaixo da média para novembro:

Antonina: 224,8 mm / 120 mm

APPA Antonina: 165,2 mm / 110 mm

Fazenda Rio Grande: 151,3 mm / 144,2 mm

Francisco Beltrão: 166,9 mm / 158,6 mm

Palmas: 156,7 mm / 102,4 mm

Paranaguá: 124,1 mm / 116 mm

Ponta Grossa: 117,3 mm / 103,6 mm

Guaraqueçaba: 215,9 mm / 157,6 mm

União da Vitória: 140,1 mm / 82,6 mm.