Nesta terça-feira, 28 de janeiro, o Vaticano emitiu um alerta aos governos sobre o desenvolvimento da inteligência artificial (IA), destacando que a tecnologia carrega “a sombra do mal” devido ao seu potencial para disseminar desinformação. A mensagem está em um novo texto sobre a ética da IA, elaborado por dois departamentos do Vaticano e aprovado pelo Papa Francisco.

“A mídia falsa gerada pela IA pode gradualmente minar os fundamentos da sociedade”, destaca o documento intitulado “Antica et nova” (Antiga e nova). Segundo o texto, a desinformação alimentada por sistemas de IA, especialmente em meios controlados ou influenciados por essa tecnologia, pode intensificar a polarização política e fomentar instabilidade social. Por isso, o Vaticano defende uma regulamentação rigorosa para evitar consequências prejudiciais.

O Papa Francisco, líder de 1,4 bilhão de católicos, tem abordado questões éticas relacionadas à IA de forma recorrente. Na última semana, enviou uma mensagem ao Fórum Econômico Mundial, em Davos, alertando sobre os impactos da tecnologia no futuro da humanidade. Em junho passado, na cúpula do G7 realizada na Itália, ele enfatizou que os algoritmos não devem determinar o destino das pessoas.

O documento “Antica et nova” também analisa os impactos da IA em áreas como o mercado de trabalho, saúde e educação, destacando a necessidade de decisões éticas no uso da tecnologia. “Como em todas as áreas em que os seres humanos são chamados a tomar decisões, a sombra do mal também aparece aqui”, afirma o texto. A avaliação moral, segundo o Vaticano, dependerá de como a tecnologia é orientada e aplicada.

O Vaticano reforça que o avanço da IA deve ser acompanhado por uma supervisão ética e regulamentações que assegurem o uso responsável da tecnologia, protegendo a dignidade humana e os valores fundamentais da sociedade.