A prefeita de Bom Sucesso, Rosana do Ná, revelou em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (30) que a cidade enfrenta um colapso financeiro, com uma dívida acumulada de aproximadamente R$ 22 milhões. A situação, segundo ela, foi herdada da gestão anterior e compromete o funcionamento dos serviços públicos essenciais.
Dívidas e falta de transição
Rosana destacou que não houve transição de governo, dificultando o levantamento inicial das contas e contratos do município. Segundo a prefeita, a dívida inclui:
- R$ 9 milhões com fornecedores, alguns débitos desde 2017;
- R$ 1,2 milhão referente à folha de pagamento de dezembro;
- R$ 500 mil de repasse do INSS para aposentados;
- Valores pendentes do 13º salário, deixando alguns funcionários há três meses sem pagamento.
“Os servidores trabalharam e não receberam. Muitos dependem desse dinheiro para comer, pagar aluguel e remédios. Isso tira meu sono”, desabafou.
Situação das obras e falta de recursos
Segundo a prefeita, não há recursos nas contas da prefeitura. Algumas obras foram deixadas inacabadas, e muitas dependem de contrapartidas financeiras altas, comprometendo ainda mais o orçamento. A super creche, por exemplo, exige um investimento municipal de R$ 1,58 milhão, enquanto a arrecadação total do município gira em torno de R$ 2,6 milhões.
“Como um município do nosso porte pode assumir compromissos financeiros tão altos?”, questionou Rosana.
Falta de servidores e impactos na cidade
Outro problema grave apontado pela prefeita é a redução no quadro de funcionários. No fim da gestão anterior, foram extintos 309 cargos, incluindo trabalhadores da limpeza pública, serviços gerais e educação. A prefeitura também foi impedida de contratar profissionais emergenciais devido à revogação da lei que permitia o Processo Seletivo Simplificado (PSS).
A falta de pessoal impactou diretamente a coleta de lixo, deixando ruas sujas e com pilhas de entulho, e o atendimento na saúde pública, que ficou sem médicos e outros profissionais.
Crise na saúde e dívida com o CISVIR
A prefeitura também enfrenta dificuldades para manter os serviços de saúde. A dívida com o Consórcio Intermunicipal de Saúde do Vale do Ivaí e Região (CISVIR) é de aproximadamente R$ 300 mil, e o município precisa quitar os valores atrasados para manter o atendimento à população.
“A saúde já estava ruim antes da eleição e piorou ainda mais depois. Estamos renegociando as dívidas para garantir que os serviços voltem a funcionar”, explicou.
Medidas para conter a crise
Para enfrentar a situação, Rosana anunciou algumas ações emergenciais:
- Priorizar o pagamento da folha salarial atual para evitar mais atrasos;
- Repactuar as dívidas com fornecedores e aposentados, parcelando os valores conforme a arrecadação do município;
- Reduzir gastos, suspendendo contratações e investimentos não essenciais;
- Manter serviços básicos, garantindo que saúde, educação e limpeza pública continuem operando.
A prefeita pediu paciência à população e afirmou que sua gestão será pautada por transparência e planejamento. “Sei que muitos vão ficar chateados, mas não farei compromissos que não posso cumprir. O município precisa de organização para sair dessa crise”, concluiu.