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Novo recurso do Android escaneia suas fotos em busca de “conteúdo sensível” – veja como desativá-lo

No dia 7 de novembro de 2024, o Google lançou uma atualização do sistema para dispositivos Android 9 e versões posteriores, incluindo um novo serviço chamado Android System SafetyCore. A maioria das correções foi relacionada à segurança, mas o SafetyCore se destacou por ser uma novidade. Em uma nota para desenvolvedores, o Google descreveu o recurso como um componente do sistema Android que fornece infraestrutura de proteção ao usuário nos aplicativos, preservando a privacidade.

No entanto, a atualização não trouxe mais detalhes, deixando tanto usuários quanto programadores sem informações claras sobre seu funcionamento.

Após o lançamento, o Google mencionou a funcionalidade do SafetyCore ao listar novos recursos de segurança do Google Mensagens, sem citar o nome do serviço diretamente. A empresa explicou que a ferramenta “avisa sobre conteúdo sensível”, desfocando imagens que podem conter nudez antes da visualização e alertando o usuário sobre os riscos de enviar ou compartilhar esse tipo de conteúdo.

O Google garantiu que o recurso não dá à empresa acesso ao conteúdo das imagens nem identifica diretamente se houve detecção de nudez.

O SafetyCore vai além da detecção de nudez

Agora sabemos que o SafetyCore faz mais do que identificar imagens de nudez. O sistema utiliza aprendizado de máquina para detectar e filtrar conteúdos sensíveis em geral.

Em resposta à ZDNet, o Google explicou:

“SafetyCore é um novo serviço do Google para dispositivos Android 9+ que oferece infraestrutura para realizar classificações seguras e privadas no próprio dispositivo, ajudando os usuários a detectar conteúdos indesejados. O usuário tem controle sobre o SafetyCore, e ele só classifica conteúdos específicos quando um aplicativo solicita essa função opcionalmente habilitada.”

Segundo o GrapheneOS, um sistema operacional baseado no código aberto do Android voltado para segurança, o serviço não realiza escaneamento remoto nem envia informações ao Google ou a terceiros. Ele apenas fornece modelos de aprendizado de máquina que podem ser utilizados por aplicativos para classificar conteúdos como spam, golpes ou malware, permitindo a análise local sem necessidade de compartilhamento de dados com servidores externos.

O Google também assegurou que todas as funções do SafetyCore são executadas no próprio dispositivo, sem envio de dados para servidores externos. Porém, muitos usuários estão desconfiados.

O problema: instalação silenciosa e sem consentimento

Uma das principais preocupações dos usuários é que o Google não informou claramente que esse serviço foi instalado em seus celulares. Se você tem um dispositivo Android novo ou recebeu atualizações de software desde outubro, é quase certo que o SafetyCore já esteja presente no seu telefone.

O detalhe mais controverso é que o recurso foi instalado silenciosamente em dispositivos com Android 9 ou superior, sem a necessidade de consentimento do usuário. Isso gerou questionamentos sobre privacidade e controle sobre os próprios aparelhos.

Um usuário da Google Play Store desabafou:

“Nenhum consentimento foi dado. A instalação não pôde ser pausada ou interrompida. Eu vi o SafetyCore sendo instalado no meu celular no dia 22 de janeiro de 2025 e não consegui fazer nada para impedir. Pior, ele foi baixado pela rede móvel, apesar de minhas configurações estarem ajustadas para permitir downloads apenas via Wi-Fi. A descrição do serviço não explica nada, e as permissões parecem englobar praticamente tudo.”

Outro detalhe que incomoda os usuários é que o SafetyCore não possui um ícone nem aparece na lista comum de aplicativos em execução. Ele só pode ser encontrado em Configurações > Aplicativos > Mostrar processos do sistema.

Como remover o Android System SafetyCore

Não confia no Google? Embora a empresa afirme que o SafetyCore não envia dados automaticamente para seus servidores, nada impede que ele se conecte a outros serviços do Google para compartilhar informações. Um usuário do Reddit comentou:

“Isso parece um vírus instalado por um backdoor do próprio Google. É o oposto de segurança, transparência e privacidade.”

Se quiser desativar ou remover o SafetyCore, siga estes passos:

  1. Abra as Configurações do seu dispositivo.
  2. Vá até Aplicativos (ou Apps e Notificações).
  3. Selecione Ver todos os aplicativos e toque no menu de três pontos no canto superior direito. Escolha Mostrar processos do sistema.
  4. Localize o SafetyCore na lista ou pesquise pelo nome.
  5. Toque no serviço e selecione Desinstalar, se disponível. Caso a opção esteja desativada, você poderá apenas desativá-lo.
  6. Se não puder removê-lo completamente, vá até Permissões e tente revogar qualquer permissão, especialmente o acesso à internet.

Contudo, alguns usuários relataram que o SafetyCore foi reinstalado automaticamente após uma atualização do sistema ou via Google Play Services, o que obriga a repetir o processo de remoção.

Falta de transparência e comparação com a Apple

Embora o SafetyCore tenha sido criado com o objetivo de proteger os usuários ao filtrar conteúdos sensíveis, sua instalação automática e falta de transparência geraram insatisfação.

Além disso, o Google dificultou o gerenciamento do serviço. Por exemplo, em um Samsung Galaxy 25 Plus, não foi possível ajustar as permissões do SafetyCore, o que impediu a restrição de suas atividades sem desinstalá-lo completamente.

Por outro lado, a Apple possui um sistema semelhante no iPhone chamado Communication Safety, que oferece funções parecidas, mas com uma grande diferença: a empresa informou os usuários sobre a ferramenta e deu a opção de ativá-la ou não.

Apesar das críticas frequentes à Apple, nesse caso, a empresa acertou, enquanto o Google falhou em transparência e respeito à escolha do usuário.

Atualização

Após a publicação da reportagem original, um porta-voz do Google declarou à ZDNet:

“Por padrão, os serviços do Google System atualizam automaticamente seu dispositivo com correções de segurança, melhorias e novos recursos. Algumas atualizações são entregues via pacotes separados no Android para manter a privacidade, segurança e isolamento de dados, seguindo o princípio do menor privilégio, garantindo que as permissões não sejam compartilhadas entre diferentes funcionalidades.”

Fonte: ZDNet

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