A Natura estuda a venda da operação da Avon fora da América Latina e negocia com a gestora IG4, interessada na aquisição da marca. A informação foi divulgada pela companhia em um fato relevante nesta quinta-feira (20).
Em dezembro de 2024, a Natura já havia anunciado a retomada de estudos para alternativas estratégicas envolvendo a Avon, incluindo a possibilidade de venda total ou parcerias comerciais.
“Nesse contexto, a Natura vem mantendo tratativas com a IG4 para uma possível transação de venda das operações da Avon fora da América Latina”, destacou a empresa. O comunicado, assinado pelo diretor financeiro Guilherme Castellan, ressalta que as negociações seguem em caráter exclusivo, mas ainda estão em fase inicial, com outras alternativas também sendo avaliadas.
A fusão entre Natura e Avon
Em maio de 2019, a Natura anunciou a compra da Avon por meio de uma troca de ações. A fusão foi concluída em janeiro de 2020, formando o quarto maior grupo de beleza do mundo, avaliado à época em US$ 11 bilhões.
O cofundador da Natura, Luiz Seabra, afirmou na ocasião que a união criava “uma força importante no segmento” e ampliava o impacto social, ambiental e econômico do grupo. O então presidente do conselho da Avon, Chan Galbato, também destacou a parceria como um impulso para a marca e seus representantes.
No entanto, quatro anos após a fusão, em fevereiro de 2024, a Natura anunciou que avaliava separar a Avon, apontando que as operações das empresas funcionavam de forma independente.
Recuperação judicial da Avon Products
Os estudos sobre a separação foram suspensos em agosto de 2024, quando a Avon Products, subsidiária da Natura para operações fora da América Latina, entrou com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos. O objetivo foi obter proteção contra credores enquanto reestruturava suas finanças.
Na época, a Natura afirmou ser a maior credora da Avon, mas manteve confiança na marca e forneceu apoio financeiro durante a reestruturação.
Os impactos da crise já aparecem no balanço da Natura. No terceiro trimestre de 2024, a empresa registrou prejuízo de R$ 7 bilhões, contrastando com o lucro de R$ 6,7 bilhões no mesmo período de 2023. Segundo a companhia, o resultado reflete um “efeito não-operacional e não-caixa”, ou seja, não impacta diretamente suas atividades principais.
Apesar do desafio financeiro, a Natura retomou as negociações para a venda da Avon fora da América Latina, buscando novas estratégias para reestruturar o grupo.