Em um comunicado emitido nesta quarta-feira, 8 de novembro de 2023, o Observatório Europeu Copernicus revelou que este ano está a caminho de se tornar o ano mais quente em 125 mil anos, com dados alarmantes que indicam um outubro recordista de calor. De acordo com os cientistas do Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus (C3S) da União Europeia, o mês de outubro deste ano estabeleceu um novo padrão de temperatura global.
- LEIA TAMBÉM: El Niño continua até abril de 2024
Os registros demonstram que outubro de 2023 se tornou o mês mais quente já registrado em todo o mundo, com uma temperatura média na superfície da Terra de 15,30°C. Isso representa um aumento de 0,85°C em relação à média de outubro dos anos entre 1991 e 2020, e superou o recorde anterior estabelecido em 2019 por uma diferença significativa de 0,40°C. A vice-diretora do C3S, Samantha Burgess, descreveu a anomalia de temperatura de outubro como “muito extrema”.
Além disso, os cientistas do Copernicus observaram que a anomalia de temperatura global para outubro de 2023 foi a segunda mais alta já registrada em todos os meses no conjunto de dados ERA5, ficando atrás apenas de setembro de 2023. De maneira preocupante, o mês de outubro foi 1,7°C mais quente do que a estimativa da média de outubro para o período de referência pré-industrial, entre 1850-1900.
Os principais responsáveis por esse aquecimento extremo são as emissões contínuas de gases de efeito estufa, juntamente com o fenômeno climático El Niño, que aquece as águas superficiais do leste do Oceano Pacífico. Luciana Gatti, pesquisadora especialista em emissões de carbono do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), ressaltou que as emissões de gases continuam aumentando ano após ano, mesmo com o conhecimento dos impactos devastadores das mudanças climáticas.
Para especialistas, a humanidade está conscientemente caminhando em direção a uma catástrofe global, e as únicas reduções significativas nas emissões ocorreram durante a pandemia de Covid-19, quando as atividades humanas diminuíram temporariamente. O meteorologista Giovani Dolif, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), alertou que é essencial que a sociedade controle as emissões de gases, uma vez que o El Niño e as mudanças na temperatura dos oceanos são independentes da atmosfera.
A combinação de um oceano mais quente e o aumento constante da temperatura atmosférica resultou nesse recorde de calor alarmante. Os cientistas acreditam que, a menos que medidas drásticas sejam tomadas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, as altas temperaturas em todo o mundo continuarão a prevalecer até novembro. Isso é um indicativo do risco iminente que o mundo enfrenta e demonstra a necessidade urgente de ação para evitar um colapso global.